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Pioneiro - “O trabalho tem que fazer parte do dia a dia das pessoas de forma mais harmônica”, diz especialista em Ciência da Felicidade que estará na Convenção CDL Caxias

Atualizado: 1 de set.

Renata Rivetti é fundadora da Reconnect – Happiness at Work & Human Sustentability e especialista na Ciência da Felicidade. Ela estará na cidade pela primeira e participará de evento no dia 14 de agosto



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A terceira edição da Convenção CDL Caxias, que acontece nos dias 13 e 14 de agosto, deve receber 2,6 mil participantes no Centro de Eventos dos Pavilhões da Festa da Uva. Com o tema Seu Negócio em Movimento, o evento promete uma imersão completa em conhecimento, networking e experiências.


Na programação deste ano, oito palestrantes de renome nacional se apresentarão no Palco CDL, localizado no mezanino. Entre eles está a paulista Renata Rivetti, especialista na Ciência da Felicidade e fundadora da Reconnect – Happiness at Work & Human Sustentability. Ela falará aos presentes na quinta-feira (14), no segundo dia de evento.


Após anos de atuação como executiva de Marketing, Renata passou por um processo de transição de carreira para trabalhar com temas como a felicidade, sustentabilidade humana, futuro do trabalho e produtividade consciente. A empresa dela também é parceira exclusiva da 4 Day Week Global, liderando o projeto piloto da jornada de trabalho semanal de quatro dias no Brasil.


Renata é autora do livro O poder do bem-estar: um guia para redesenhar o futuro do trabalho. A obra é base para a palestra. Apesar de ter família no Rio Grande do Sul, esta será a primeira vez dela em Caxias. Durante cerca de uma hora, vai abordar temas como o ingresso da nova geração no mercado, as instabilidades políticas e econômicas, além do uso da tecnologia:


— Vou falar sobre o que está acontecendo no mercado corporativo, quais são os desafios, por que vivemos hoje uma pseudoprodutividade, e como na prática podemos construir ambientes que sejam mais produtivos, mais prósperos, mas também mais humanos e saudáveis — explica Renata.


Em entrevista exclusiva ao Pioneiro, Renata falou sobre como encontrar a felicidade no trabalho, o papel de empresas e colaboradores, e sobre a transição de carreira. Você confere mais abaixo:


Pioneiro: o que é a felicidade?


Renata: Eu gosto do conceito de um professor de Harvard que fala: "felicidade é uma equação de alegria, satisfação e significado". O que significa isso na prática? A gente como sociedade busca muito a felicidade em uma visão mais de alegria, de uma vida de prazeres e conquistas materiais. Mas isso não é sustentável, não é suficiente. Então, precisamos, segundo aspecto da satisfação, que é uma vida de realização, uma vida de desafios, é uma vida de fato fazermos coisas, e por fim, para termos uma felicidade sustentável, precisamos também de um sentido na vida, também ter realizações que tragam mais significado para nossas escolhas diárias.


As pessoas estão mais infelizes hoje dentro do mercado de trabalho?


Tem um dado que somente 21% das pessoas estão engajadas nos respectivos trabalhos. Então, de fato, existe uma grande desmotivação globalmente falando. Eu acho que isso passa por vários aspectos. As relações são tóxicas, ainda vemos assédios no ambiente de trabalho. Acho que um segundo aspecto é a sobrecarga, as pessoas, às vezes, estão superocupadas, mas no dia a dia não se sentem realizando muito. Falo que hoje temos vários ofensores na produtividade: é uma comunicação falha, temos muitas reuniões, muitas informações, e acabamos estando muito mais ocupados do que produtivo, e isso acaba trazendo uma grande infelicidade.


Você acha que escolhemos muito cedo a profissão, e isso pode estar contribuindo para a infelicidade?


Quando falamos do futuro do trabalho, que vamos passar por várias profissões, ou várias atividades na nossa vida. Se antes escolhíamos uma profissão aos 17 anos e aquilo era o que íamos ter ao longo da vida, às vezes até trabalhando na mesma empresa, hoje as pessoas estão realmente se reinventando, estão estudando novamente aos 30, 40, 50 anos, elas estão buscando dentro da mesma empresa uma atividade diferente. Então, tudo isso eu acho que já não impede muito, a não ser que a pessoa de fato fique presa àquilo e não consiga entender que hoje tenhamos que continuar estudando, aprendendo coisas novas, se desafiando. Uma coisa que eu sempre falo é: autorresponsabilidade, ninguém vai te fazer feliz, a empresa não vai te fazer feliz, cada um de nós tem que buscar um caminho para encontrar algo que traga sentido e realização.


Com a infelicidade as pessoas ficam mais estressadas, e estar o tempo todo em contato com informações, o quanto isso pode influenciar nessa infelicidade dentro do trabalho?


Tem dados que mostram que recebemos 100 mil palavras por dia, estamos de fato superocupados, e às vezes é muito mais informação do que algo relevante. Tem um dado que eu gosto que 51% das atividades são de baixo valor, então, estamos falando que metade do dia estamos só ocupados, não estamos fazendo algo relevante ou significativo. Então, certamente isso traz muita infelicidade, esse excesso que vivemos no mundo de hoje, e a própria distração da nossa mente. Somos seres superdivagantes, hoje temos o problema das redes sociais, conseguimos nos concentrar muito pouco e isso faz uma sociedade mais infeliz.


Quanto o ambiente fora do trabalho pode influenciar tanto na felicidade como na infelicidade?


Hoje vivemos uma apatia global, as pessoas estão vivendo, muitas vezes, na busca por uma dopamina rápida, estão se anestesiando um pouco de buscar coisas mais profundas, de buscar novos desafios. E claro que, se eu vivo cansada, eu busco mais esse tédio na minha vida pessoal, e vira um ciclo, parece que estamos sempre devendo, que estamos sempre ocupados, e parece que o nosso lazer virou uma coisa que não satisfaz, porque está cansada, sobrecarregada, e acaba entrando nesse lugar de tédio e dopamina rápida. Não existe vida pessoal separada da profissional, então, também é um olhar nosso de como equilibramos tudo isso e fazemos as mudanças necessárias na nossa vida.


Você passou por um movimento de transição de carreira, isso ajudou a trazer a felicidade para o dia a dia no trabalho?


Eu sempre me questionei muito ao que era o trabalho na minha vida. Em algum momento, depois de alguns anos tendo sucesso como executiva de marketing, comecei a pensar que eu queria impactar mais pessoas, ter algo que me trouxesse mais significado em relação aos meus valores e buscas pessoais, então acabei fazendo a transição. Mas sempre pontuou que nem todo mundo vai conseguir fazer essa transição, para as pessoas também entenderem, (se) hoje a pessoa não tem a possibilidade de buscar essa mudança, ou de fazer algo que ela realmente queira, será que não consegue no próprio trabalho encontrar mais sentido em algumas atividades? Será que não dá para buscar dentro da mesma empresa ou ampliar um pouco os desafios ou buscar novos conhecimentos? Temos a tendência em esperar muito as coisas acontecerem, e talvez a gente tenha que fazer a nossa parte de construir o caminho para que nos sintamos mais feliz e realizado.


Temos muito contato com o que é visto em rede social, com as pessoas trazendo uma "superfelicidade", mas como conquistamos essa felicidade corporativa?


O que vemos hoje é que as pessoas acham que basta a empresa dar benefícios ou o ambiente ser bonito, e na verdade tem mais a ver com outros três aspectos. O primeiro deles é o próprio trabalho, eu me sentir desafiada, gostar das atividades, encontrar sentido nas minhas realizações, então, olhar para o trabalho e ver se ele traz realização e significado. O segundo aspecto são as relações no trabalho, e hoje muitas vezes elas ainda são abusivas, tóxicas, medo, comando e controle. Como podemos tentar ter melhores relações no trabalho, em um ambiente que seja mais seguro, que possamos nos expressar melhor. E por fim, eu acho que o trabalho tem que fazer parte do dia a dia das pessoas de forma mais harmônica, ninguém mais quer viver só para trabalhar. Meus avós saíam do trabalho e tinham uma separação de vida pessoal e profissional, hoje não temos com o celular, o notebook. Precisamos ter equilíbrio para não viver 24 horas disponíveis e colocando o trabalho em todas as nossas atividades, se não acabamos perdendo algo superimportante para a nossa vida pessoal, que são as relações de qualidade, o nosso grupo de apoio.


Qual o papel do colaborador e qual o da empresa na busca pela felicidade corporativa?


É equilibrado, é uma responsabilidade compartilhada. A empresa não vai te fazer feliz, isso é um fato, mas ela não pode ser mais um ofensor na tua saúde mental. A empresa também tem que construir, e aí tem uma responsabilidade hoje em dia legal e jurídica, a empresa vai ser responsável em cuidar da saúde mental das pessoas. A empresa não vai te fazer feliz, mas não pode ser um ambiente tóxico e abusivo.


Você foi uma das pioneiras em trazer os testes da semana de quatro dias para o Brasil, como foi essa experiência, e acredita que isso pode ser uma alternativa para encontrar essa felicidade?


Mais do que uma semana mais curta, é a gente ter mais flexibilidade no caminho. Entender que as pessoas não precisam atuar todas da mesma forma, como damos mais espaço para as pessoas falarem sobre os seus desafios e oportunidades? Porque a grande verdade é que quando tem humanidade, quando temos uma liderança mais próxima, mais humana, temos melhores resultados. Acho que o futuro do trabalho traz um pouco essa provocação. A inteligência artificial chegou, conseguimos fazer o trabalho de outra forma, a própria covid mostrou alguns ajustes que são possíveis para construir novos caminhos que sejam melhores para os profissionais, mas também para as empresas.


Você é feliz no ambiente de trabalho?


Hoje eu sou bem feliz, e eu sempre falo que não é só fazer o que gosta, não é estar alegre o tempo todo, não ter desafios, não é vida perfeita, isso não existe. Mas hoje eu me sinto feliz porque me sinto realizada, porque eu tenho um trabalho que encontro pessoas que admiro, consigo conciliar e ter qualidade de vida no meu dia a dia.


Serviço

O quê: Convenção CDL Caxias

Quando: 13 e 14 de agosto (quarta e quinta-feira)

Horário: das 12h às 21h

Local: Centro de Eventos dos Pavilhões da Festa da Uva (Rua Ludovíco Cavinato, 1.431, Nossa Sra. da Saúde), em Caxias do Sul

Inscrições: gratuitas e exclusivas para associados da CDL Caxias, pelo site. As vagas são limitadas

Estacionamento: R$ 30


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