O futuro do trabalho é humano
- Renata Rivetti

- 15 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 6 dias
Mais do que se preocupar com a inteligência artificial substituindo funções, o desafio está em desenvolver as habilidades humanas que vão sustentar os empregos do futuro: pensamento analítico, resiliência, criatividade, liderança e autoconsciência.

E se eu dissesse que, em cinco anos, quase metade das habilidades que você usa no trabalho hoje pode não servir mais? Essa é a estimativa do “The Future of Jobs Report 2025”, do Fórum Econômico Mundial: 39% das habilidades estratégicas exigidas em 2030 terão se transformado em relação às habilidades necessárias no presente.
A inteligência artificial generativa costuma aparecer como a grande vilã dessa história, anunciada como substituta do trabalho humano. E, de fato, tarefas operacionais e repetitivas tendem a ser automatizadas. Mas o próprio relatório mostra que a revolução tecnológica abre mais portas do que fecha: até 2030, devem surgir 170 milhões de novos empregos, contra 92 milhões eliminados — um saldo positivo de 78 milhões.
O verdadeiro desafio, portanto, não está em disputar espaço com a IA, mas em preparar pessoas para esse novo cenário. Segundo o relatório, 59% dos profissionais precisarão se requalificar. E, ao contrário do que muitos imaginam, não serão apenas as competências digitais que farão diferença, mas principalmente as habilidades humanas.
Segundo o “The Future of Jobs Report 2025”, as cinco principais habilidades para navegar no mundo do trabalho em 2030 serão:
Pensamento analítico: Apontado por 7 em cada 10 empresas como essencial, é a base para tomar decisões fundamentadas em dados e enfrentar problemas complexos.
Resiliência, flexibilidade e agilidade: Competências-chave para lidar com cenários voláteis, adaptar-se a mudanças rápidas e manter clareza diante da pressão.
Liderança e influência social: Indispensáveis para inspirar equipes, engajar pessoas e conduzir transformações em ambientes cada vez mais colaborativos.
Pensamento criativo: Fundamental para a inovação e para encontrar soluções diante de desafios inéditos em um contexto de transformação contínua.
Motivação e autoconsciência: Relacionadas ao autoconhecimento, regulação emocional e busca de desenvolvimento pessoal e profissional.
Ou seja, estamos falando que o sucesso dos negócios depende do ser humano no centro. A IA generativa deve ser usada como nossa parceira de negócios e não como nossa substituta. E para isso, precisamos entender que em um mundo onde o especialista é importante, é o generalista que conecta, engaja e potencializa. Ele faz isso ao cruzar fronteiras entre especialidades, articular uma visão integrada, construir relações autênticas e significativas. Também exerce sua capacidade narrativa para engajar pessoas e liderar mudanças, além de trazer a agilidade necessária para conduzir a adoção tecnológica com clareza e empatia.
Isso exige uma mudança de mentalidade. Não basta manter modelos de comando e controle: é preciso criar segurança psicológica, fomentar uma cultura de bem-estar e apostar em uma liderança mais humanizada. O líder do futuro deixa de ser apenas um especialista técnico e passa a ser o maestro da transformação, colocando o ser humano como centro da estratégia, para a revolução que está acontecendo ter sucesso. É preciso fortalecer as relações, as nossas habilidades humanas e sociais e reconstruir o modelo de trabalho. Não é sobre voltar ao escritório ou trabalhar mais. É sobre trabalhar melhor, com mais sentido, focando no estratégico e criativo e deixando a IA realizar o operacional e burocrático. É sobre voltarmos a pensar. Sobre voltarmos à nossa humanidade.
E para nada disso há uma fórmula mágica. A única certeza é que o futuro que queremos construir deve ser cocriado agora. E ao invés de termos medo de um futuro distópico, que a gente possa construir um mundo melhor, mais humano, empático e próspero pra todos.



