Vivemos numa sociedade ansiosa. Isso já todos sabemos. Mas quando olhamos para dados quantitativos reais acredito que vemos que o cenário é pior do que imaginamos. Na pesquisa conduzida pela Happiness Business School, realizada com 1500 pessoas em 51 países, 90% dos participantes dizem sentire-se ansiosos no trabalho alguns dias por semana. E no Brasil, o cenário é ainda pior: 97% dos respondentes sentem-se ansioso no trabalho alguns dias por semana.
E isto não quer dizer que estas pessoas não gostam do seu trabalho ou que não se sentem realizadas. Inclusive, uma parte, sente-se muito feliz no trabalho. As pessoas simplesmente banalizaram o sentimento de ansiedade no trabalho como se não existisse uma outra opção. Mas, se 97% das pessoas responderam isto, pergunto-me: será que existe outro cenário, no qual não precisamos de sentir ansiedade no dia-a-dia no trabalho?
Certamente, o mundo VUCA ou BANI nos traz desafios e ansiedades constantes. Há um excesso de informação, estamos sobrecarregados, exaustos emocionalmente, solitários e tudo isso reforçado por um mundo pós-covid (será que é pós)?
A ansiedade na medida certa é saudável, pode trazer algo positivo. Esta prepara-nos para alguns acontecimentos, tira-nos da zona de conforto e impulsiona-nos. Porém, sentirmos ansiosos em relação ao trabalho quase todos os dias acaba por nos prejudicar, reduzindo a nossa produtividade, motivação, envolvimento e tornando-nos doentes.
Mas então, como encontrar equilíbrio e a medida certa? Primeiro, como tudo na vida, com autoconhecimento e olhando para o tema. Precisamos reconhecer os gatilhos que nos deixam ansiosos e, se possível, reduzir essas situações. Além disso, precisamos de segurança psicológica nas empresas para que abordar este tema não seja motivo de medo ou insegurança para ninguém.
Se quase todos estamos ansiosos, não está na hora de olharmos com mais preocupação e cuidado para o tema de forma a revertermos este cenário? O mundo está em mudança, as pessoas pessoas estão a questionar-se e certamente as novas gerações procuram grandes transformações. Não podemos continuar a achar que é normal passarmos a vida ansiosos, com medo, à espera do ano sabático, do fim-de-semana, das férias ou da reforma para sermos felizes.