No Brasil, mais de 800 pessoas obtiveram a certificação para atuar com a satisfação de colaboradores no ambiente de trabalho.
Uma pesquisa da Robert Half, consultoria de Recursos Humanos (RH), publicada neste ano, revelou que 89% das companhias reconhecem que bons resultados estão diretamente ligados à motivação e à felicidade dos colaboradores. Neste contexto, o cargo de Chief Happiness Officer (CHO) – traduzido para o português como “diretor de felicidade”, ou de “bem-estar” –, vem ganhando cada vez mais destaque no mundo corporativo.
Segundo o Instituto Feliciência, uma das empresas que oferecem formação para CHO no Brasil, a procura cresceu cerca de 35% em 2023, seguindo uma curva ascendente desde o início do oferecimento do curso.
Em março de 2020, o Instituto Feliciência deu início à certificação de CHO no Brasil. De lá para cá, a organização já formou cerca de 450 profissionais, em turmas abertas e dentro de empresas. Funcionários de companhias como a Deloitte, Cyrela (CYRE3), Fundação Ayrton Senna e Chillie Beans foram alguns dos formados pelo Instituto.
Já a Reconnect Happiness at Work certificou 365 pessoas desde o lançamento do seu curso no país, em novembro de 2020. Renata Rivetti, fundadora e diretora da organização, comenta que o curso teve demanda desde o começo, mas hoje a diferença é que as empresas estão enviando colaboradores.
“Antes era muito uma busca pessoal, hoje a gente vê as empresas entendendo a importância do tema e enviando colaboradores para fazer a certificação.” RENATA RIVETTI, FUNDADORA E DIRETORA DA RECONNECT HAPPINESS AT WORK.
Por outro lado, ela diz que no Brasil ainda não existem muitos cargos de CHO, ao contrário da Europa. “O que eu percebo no Brasil é que o mercado ainda está aprendendo a trabalhar o tema da felicidade corporativa”, finaliza.
O conceito do cargo de CHO surgiu em 2003, através da The Woohoo Partnership, comunidade internacional dedicada a melhorar a maneira de trabalho de diferentes profissionais do mercado. A empresa criou um curso para formar pessoas para se tornarem CHO, prometendo a elas uma compreensão aprofundada da ciência e da teoria da felicidade no trabalho.
Oportunidade profissional
Juliana Chiavassa, psicóloga e jornalista, conta que ouviu falar sobre essa oportunidade profissional muito tempo atrás, mas apenas mais recentemente buscou a certificação de CHO, em um momento em que se via bastante interessada no tema de saúde e bem-estar no trabalho. A partir de então, a psicóloga começou a prestar esse tipo de serviço a diversas empresas.
“É possível fazer pequenas ações que vão melhorar muito a vida dos colaboradores. Basicamente, para ser feliz, é preciso ter bons relacionamentos no trabalho e reconhecimento sobre o que se faz”, comenta, acrescentando que “não é algo mirabolante para as empresas”, que demande muito dinheiro.
A psicóloga diz que, por exemplo, um líder pode começar uma reunião perguntando o que deu certo em um projeto, e não o que deu errado. “São pequenas ações no dia a dia que vão transformar o ambiente”, pontua ela.
Segundo Chiavassa, um dos resultados que ela observou após atender uma empresa foi a diminuição da ausência dos funcionários com atestado de ansiedade.
“De maneira geral, as empresas estão buscando muito isso, a saúde mental, o bem-estar dos colaboradores – seja físico, seja emocional. Isso se tornou um dos pontos chaves para as empresas reterem talentos.” JULIANA CHIAVASSA, CHO, PSICÓLOGA E JORNALISTA.
Ela comenta ainda que não existe uma fórmula pronta para resolver os problemas de todas as empresas, é preciso entender uma a uma e buscar alternativas. “É ouvir o que as pessoas precisam, eu não posso ter a mesma dinâmica para todos os setores”, diz ela.
Por que um CHO é importante?
Para Carla Furtado, diretora do Instituto Feliciência, há uma lacuna na maioria das organizações para aquilo que se sabe cientificamente fazer imensa diferença no ambiente de trabalho: a felicidade e a infelicidade.
“Empresas não fazem pessoas felizes, mas são responsáveis por condições psicossociais que podem favorecer sofrimento e até adoecimento, mas também podem favorecer o bem-estar e a felicidade. Se sabemos disso, devemos aprender a constituir e sustentar ambientes mais seguros psicologicamente e com condições favoráveis”, diz ela.
Quem pode ser CHO?
Qualquer pessoa pode se tornar um CHO desde que procure um curso para obter a sua certificação. Geralmente, a especialização dura poucos dias e é ministrada por psicólogos e outros especialistas do mercado de trabalho.
Furtado, do Instituto Feliciência, comenta que um CHO devidamente qualificado em suas áreas é capaz de colaborar estrategicamente e de maneira transversal na organização.
“Ele apoia a alta gestão, é capaz de orientar a tomada de decisão com base em dados para questões de ‘Gente & Gestão’. É também um catalisador dos esforços de prevenção de sofrimento psicossocial no trabalho e promoção do bem-estar e da felicidade. Trabalha conjuntamente com times como RH, SSMST e ESG. Isso para mencionar apenas parte do escopo em nível estratégico há ainda inúmeras possibilidades tático-operacionais.” CARLA FURTADO, DIRETORA DO INSTITUTO FELICIÊNCIA.
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