Segundo relatório da Deloitte, 41% dos colaboradores estão se sentindo esgotados. Passamos 288% mais tempo em reuniões do que antes da pandemia. Porém, ao olharmos os dados de produtividade, há pouco crescimento nas últimas décadas.
Trabalhamos muito, mas nem sempre bem. Temos um excesso de informações e também de distrações. Estudos mostram que passamos somente 40 segundos na frente do computador sem nos distrairmos com outras atividades ou sermos interrompidos.
Vivemos a cultura hustle (agitada), que nos mantém conectados 24h, acreditando que somos multitarefas e produtivos. Entretanto, os estudos mostram o oposto disso. Quando tentamos dar conta de sermos multitarefas, fazemos tudo com 10 pontos a menos no QI.
COMO TUDO NA VIDA, É PRECISO QUERER, SE CONHECER E ESTAR DISPOSTO A SE ESFORÇAR PARA MUDAR DE HÁBITOS E ATITUDES.
Além disso, há um estudo de Harvard que mostra que passamos 47% do tempo com a mente divagando, ou seja, estamos fazendo algo e pensando em outra situação, vivendo em um pingue-pongue mental entre passado e futuro e pouca atenção no presente.
Explicamos esses desafios pelo mito de que nossos cérebros são dispersos, porém, a verdade é que nós os sobrecarregamos e super estimulamos. Acordamos e dormimos com o celular, passamos tempo em reuniões respondendo outras mensagens, estamos em casa resolvendo algo do trabalho e no trabalho resolvendo algo de casa.
E, principalmente, passamos horas e horas nas redes sociais. Nos viciamos na dopamina que recebemos ao acessar as redes sociais. Vivemos numa sociedade distraída e sem foco.
Como, então, encontramos foco neste mundo distraído?
PRIMEIRO PASSO: A INTENÇÃO
Como tudo na vida, é preciso querer, se conhecer e estar disposto a se esforçar para mudar de hábitos e atitudes. É preciso rever suas distrações e sobrecargas e estar dispostos a olhar para elas e transformá-las.
Mas, antes de tudo, precisamos acabar com a crença de que não podemos parar e que devemos estar o tempo todo produzindo. Essa mentalidade tem nos levado ao esgotamento e não à alta performance e produtividade – muito menos, à felicidade.
SEGUNDO: ESCOLHER NO QUE FOCAR
Temos que aceitar que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo e que será muito mais produtivo um hiperfoco em cada atividade. Porém, para isso, é preciso abrir mão de fazer tudo ao mesmo tempo. Não somos multitarefas.
Está participando de uma reunião? Desligue as notificações. Está com sua família? Dê atenção e deixe seu celular de lado. Está fazendo uma análise ou uma apresentação? Avise que não poderá ser interrompido.
O CELULAR PODE SER O MAIOR OFENSOR DA PRODUTIVIDADE E TAMBÉM DA FELICIDADE E DA SAÚDE MENTAL.
É preciso que haja comunicação para essas mudanças, pois hoje nossa cultura não aceita esperar um minuto por respostas. Se recebemos um email e não o respondemos na hora, provavelmente vamos receber a mesma mensagem em diferentes canais.
Esse excesso de comunicação traz mais distrações e nos tira do estado de flow, sendo que isso trará ainda mais improdutividade. Para voltar ao estado de engajamento (flow), demoramos 25 minutos depois que somos interrompidos ou distraídos. Veja o que é mais importante para o seu dia, o que te traz mais significado, é mais urgente ou tem maior impacto.
TERCEIRO: ELIMINAR OU REDUZIR AS DISTRAÇÕES
Sobre algumas distrações não temos controle, como barulhos externos, por exemplo. Mesmo assim, podemos pensar de que forma reduzir seu impacto: posso colocar um fone antirruído?
No entanto, a maioria das distrações não ocorre por acaso, e sim por nossas escolhas. Nos viciamos na dopamina que recebemos pelo excesso de estímulos das redes sociais, dos likes, do engajamento, e passamos mais horas em frente às telas, sem foco, sem atenção e com pouquíssima presença.
É preciso conhecer o que te distrai e lidar com essas distrações de forma intencional. Acreditamos que não podemos ficar um minuto sem o celular, mas a grande verdade é que ele pode ser o maior ofensor da produtividade e também da felicidade e da saúde mental. Precisamos usar a tecnologia a nosso favor e não o oposto.
QUANTO MAIS SOUBERMOS QUEM SOMOS, O QUE AMAMOS FAZER, O QUE FAZEMOS BEM, MAIS FÁCIL TERMOS FOCO.
Passei uma semana em um retiro de meditação e de silêncio e confesso que, nos dois primeiros dias, senti muita ansiedade em não ter contato com o mundo externo. Mas, no final da semana, estava conectada comigo, cheia de ideias, planos, com clareza mental e consciência – talvez algo que nunca mais tenha experimentado tão vivamente.
Percebi, em uma semana sem celular, que a maioria das notificações e mensagens são inúteis, mas tomam grande tempo do nosso dia. Não precisamos ir para um retiro de silêncio e nem nos desconectar do celular. Podemos passar momentos do dia focados, sem notificações ou entrando de story em story sem nem pensar.
É PRECISO TRANSFORMAR O HIPERFOCO EM HÁBITO
Encontrar atenção plena no dia a dia nos traz felicidade e, assim, produtividade. Mas, para isso, é importante encontrar suas forças, o que te traz sentido, o que te gera flow.
Quanto mais soubermos quem somos, o que amamos fazer, o que fazemos bem, mais fácil termos foco. Mas, acima de tudo, é preciso intencionalidade e disciplina. Ninguém fará por nós.
Não é fácil viver atento e focado neste mundo distraído. Somos estimulados o tempo todo e nós mesmos superestimulamos nossos cérebros e nem percebemos. Como tudo na vida, é preciso autoconhecimento, autorresponsabilidade e disciplina. A mudança para uma vida mais consciente e atenta é possível, mas exige esforço. No final, vale a pena.
“A vida é uma manifestação de onde você investe sua energia.” - Dandapani
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