Projeto 4 Day Week Brazil pretende descobrir como o novo modelo de trabalho pode ser aplicado dentro da realidade corporativa do país; primeiras empresas participantes possuem sedes em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre
Ter uma semana de trabalho de 4 dias é um bom negócio para as empresas brasileiras? Ainda não há uma resposta definitiva, mas o projeto 4 Day Week Brazil pretende descobrir como o novo modelo de trabalho pode ser aplicado dentro da realidade corporativa do país.
Iniciando no próximo mês com 20 empresas participantes, o piloto será realizado pela organização sem fins lucrativos 4 Day Week Global, que também coordena projetos semelhantes em países como Nova Zelândia, EUA, Reino Unido e Portugal.
Por aqui, a iniciativa também conta com a consultoria Reconnect Happiness at Work, a Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Boston College. A ideia é que o piloto funcione como uma pesquisa entre pequenas e médias empresas, a fim de estudar a melhor forma de aplicar o novo modelo de trabalho (32 horas por semana) em cada organização - e posteriormente conferir os resultados.
"Muitas pessoas já querem saber quais serão os resultados da semana mais curta de trabalho. Mas é preciso testá-la. A ideia é reimaginar o trabalho como ele deveria ser, para, então, moldar novos modelos para o futuro", diz Gabriela Brasil, Head of Community da 4 Day Week Global.
As empresas que participam
Nesta quarta-feira (30), em evento para o lançamento do programa, foram apresentadas as empresas que participarão do teste (algumas pediram para não serem identificadas). Confira os nomes:
Hospital Indianópolis;
Editora Mol;
Smart Duo;
Thanks for Sharing;
Oxygen;
Haze Shift;
GR Assessoria Contábil;
Alimentare;
Ab Aeterno;
Grupo Soma;
Brasil dos Parafusos;
Innuvem Consultoria;
Inspira Tecnologia;
PN Comunicação Visual;
Clementino & Teixeira;
Plonge Consultoria.
Segundo Renata Rivetti, CEO da Reconnect Happiness at Work, o número ainda deve aumentar. "Algumas empresas ainda estão se inscrevendo. É o nosso jeitinho brasileiro de deixar tudo para a última hora", brinca.
Planos devem ser customizados
Para Renata, é importante que as empresas participantes do piloto da jornada de 4 dias entendam algumas regras fundamentais do modelo. A primeira: nenhum salário vai diminuir. O modelo de trabalho adotado é o 100-80-100. Ou seja: 100% de pagamento do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade.
Outro detalhe importante é que não existe um cronograma fixo para todas as empresas. Cada organização terá um plano de diminuição na jornada customizado - o que será avaliado ao longo dos primeiros três meses do projeto. Sendo assim, nem toda empresa vai adotar a short friday (descanso na sexta-feira), por exemplo.
"Não se trata apenas de cortar um dia de trabalho. Tem que acontecer um redesenho do modelo de trabalho como um todo. Caso contrário, os funcionários acabarão mais sobrecarregados para dar conta de tudo em menos tempo. E não é essa a intenção", explica Renata. "É para ser tudo mais curto e mais produtivo. É um passo importantíssimo para revolucionar o mundo do trabalho, possibilitando mudanças no desempenho dentro de nossos cargos, tornando a jornada de trabalho mais produtiva e, ao mesmo tempo, saudável."
Resultados fora do Brasil
Embora a iniciativa seja inédita no Brasil, ela tem passado por outros países, a fim de coletar dados e entender como o novo modelo funciona em cada realidade.
No Reino Unido, onde o piloto foi realizado em 2022, o resultado revelou que 39% dos colaboradores se sentiram menos estressados, 54% acharam mais fácil conciliar vida pessoal e profissional, e o turnover caiu em 57%. Além disso, 15% dos colaboradores participantes disseram que nenhum aumento de salário os faria voltar à semana de 5 dias. Já para a empresa, houve um aumento de 1,4% na receita.
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