Após questionar seu próprio destino, Renata Rivetti decidiu fundar uma empresa especializada em liderança positiva e felicidade no trabalho.
Sempre fui idealista e acreditei em um mundo melhor e uma vida com significado. Passei grande parte da minha vida buscando um propósito, tentando realizar algo que de fato fosse relevante e que melhorasse o mundo. Mas a realidade me fez adiar esses sonhos, precisava me sustentar e fui trabalhar sem pensar muito nesse propósito.
Acabei entrando em uma grande multinacional na área de marketing. E em algum momento conquistei a vida de sucesso que era esperada pela nossa sociedade. Era executiva de uma multinacional, ganhava bem, tinha ótimo bônus, tinha estabilidade, um apartamento confortável, uma relação segura e duas cachorras. E nesse momento comecei a me questionar se a vida com prazeres e conquistas materiais era ou não uma vida feliz. Se eu tinha tudo o que havia sonhado, por que mesmo assim ainda achava que faltava algo.
Nessa busca, descobri que existia uma ciência estudando a felicidade e o bem-estar. Parecia que tudo em que eu acreditava instintivamente tinha comprovação científica. Podemos, sim, ter uma vida feliz, mas não é fácil. Felicidade não é ter uma vida alegre e de prazer somente. De fato, a vida “hedônica” é importante, mas não é tudo nem suficiente para uma felicidade duradoura. Gosto da frase do cientista Paul Dolan: “Felicidade são experiências de prazer e propósito ao longo do tempo”. É preciso, então, um equilíbrio entre prazer e propósito. Ao equilibrar esses dois eixos, fica mais fácil se sentir feliz, mesmo quando não estamos tão alegres.
Analisando esse conceito, entendi melhor por que, mesmo com as conquistas materiais que tinha, ainda me sentia em busca de algo. Queria uma vida com significado, queria fazer algo pelo mundo, queria me sentir realizada ajudando pessoas, queria ter um propósito. E acreditava neste outro mito: um dia largarei a vida profissional que tenho para ter uma “causa maior”. E, enquanto isso, tentava encontrar esse significado em estudos milenares como a Kabbalah, em voluntariado que fazia em hospitais, e em retiros, meditações, entre outros estudos e terapias de autoconhecimento. Mas, mesmo assim, questionava: será que esse propósito estava restrito a esses momentos? Será que ele precisa ser assim tão grandioso que preciso largar tudo da minha vida “normal” para encontrá-lo?
Saí do mercado corporativo e entendi que não precisava ir tão longe nem julgar o meu caminho para encontrá-lo. Foi aí que entendi que o propósito, o significado da vida, tem muito mais a ver com a jornada do que com um grande raro extraordinário momento. Descobri que não precisava trabalhar no Greenpeace, nem dedicar minha vida a causas sociais ou virar uma discípula espiritual na Índia. Nada contra essas ideias, parecem planos maravilhosos, mas eu poderia ter esse propósito aqui, em São Paulo, nas mesmas condições que eu já tinha.
.Relembrei que queria ajudar pessoas, transformar e melhorar o mundo. Então, pensei em como compartilhar o que eu havia aprendido nos estudos da psicologia, ciência do bem-estar e felicidade. Por que não levar para as pessoas estudos, cases e caminhos para uma vida mais plena? E por que não fazer isso nos ambientes tóxicos, como as organizações?
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